The
Nautical
Archaeology
Digital Library

Four-Decked Nau

Transcription Francisco Contente Domingues.

Conta, e Medida de h~ua Nao de quatro cubertas como ao diante se vera.

[fl.1]

Primeiramente terà de quilha dezasete rumos e meyo atee dezouto desquadria a esquadria, e terá cento, e cinco palmos sendo de dezasete rumos e meyo, terá de codaste medidos polla esquadria corenta, e quatro palmos, e medidos pello codaste corenta e seis, terà de lançamento treze palmos conforme a conta antre o terço e quarto.

Four decked nau, [fl. 84].

[fl76v] e [fl.82]

Sternpost of the four-decked nau [fl. 76v].

 

Sternpost of the four-decked nau [fl. 82].
Tera de gio vinte e noue palmos, e meo.

 

[fl.77] e [fl.82v]

 

A roda ha de ter d’alto sincoenta e hum palmos de Goa, e de lançamento trinta e sete, e rodarão com a altura atee o escouuem, e rodarão com rol, e não com cordel por que o cordel mente.

[fl.76] e [fl.83v]

 

O graminho de popa terá de alto tres palmos e meio de Goa tera dous dedos de pee, e repartirão quinze pares multiplicando pera sima no comprimento dos ditos tres palmos e meio.

O graminho de proa ha de ter dous palmos, repartidos pello modo do de popa.

[fl.72] e [fl.73v]

 

[fl.1v]

Tera de fundo quinze palmos de couado a couado.

Terá de pontal catorze palmos de Goa fora a altura da cauerna.

Tirarão o braço, e a postura e cauerna no chão em sincoenta e seis palmos de Goa.

Quando assentarem a cauerna mestra assenta la hão no terço de esquadria a esquadria duas partes a Re, e hu~a auante mais algu~a cousa pera Ree.

Repartirão a forma da cauerna de couado a couado em cinco partes, tomareis duas pera compartir a madeira de conto que serão quinze pares, quinze cauernas pera auante e quinze pera Ree.

Gualiuarão tres cauernas de hum ponto, hu~a auante da mestra, e outra a Re, e sendo a madeira groça bastara somente de hum ponto.

A mayor boca, e a portinhola, os cincoenta e seis palmos ditos atraz, e farão de maneira que fique a Nao depois de feita, em cincoenta e seis palmos de goa antes mais que menos, e ficara na amura mais bocca hum palmo podendo ser, e ficarà a Nao possante e se ficar em cincoenta e sete, e cincoenta e outo muito melhor.

Quando tirares as formas no chão, terão na primeira cuberta, corenta e cinco palmos de goa.

Na segunda cuberta terá no chão cincoenta e hum.

Na terceira no chão que he a portinhola, cincoenta e seis, que he a mayor boca no chão, e depois que vier feita cincoenta e sete.

 

[fl.83]

 

[fl. 2]

Terá a Cauerna d’arepiamento ao couado hum terço da groçura da Cauerna bem esforçada, e tendo meyo palmo de vara ficará melhor.

Arrepiamento aqui quer dizer levantamento? Mas se sim, o pé não são dois dedos, é um palmo.

Quando aposturares a derradeira apostura em que he, ha de recolher o que lança aposturajem debaixo pera fora na altura de cuberta tanto ha de recolher apostura a mestra.

Pera popa, e pera proa, porão balisas de dous em dous rumos pera popa tanto que tiuerem posta a primeira balisa na mestra na conta que ha de recolher, a segunda ira endereitando pera fora em altura da cuberta meyo palmo de vara, digo que posta a primeira balisa na mestra na conta que ha de ter de boca na mayor boca, e assy pera proa, e pera popa irás balisando de dous em dous rumos, de maneira que quando chegarés amura fique mais hum palmo que a mestra.

Lembro que quando pera proa puzerés a segunda balisa em altura de sete palmos, botarà tres dedos atè balisa d’amura e da amura pera avante faras conforme pedir a proa, e pera popa tambem botaràs as balisas dous dedos mais na altura de sete palmos, e balisarás de maneira que fique o costado bem feito.

Quando balizares aposturajem de recolher ha mister recolhe la pera dentro quando a debaixo lança pera proa, e irás recolhendo, e balizando, de maneira que và receber o pee de Castello, e pera popa tambem que và respondendo com a baliza do marco da popa.

Lembro que quando balizares pera proa em altura da cuberta recolheras a segunda baliza meyo palmo de vara, e logo a terceira o mesmo, e assy iràs fazendo às mais atee amura balisando e preparando como for melhor.

Pera popa em altura da dita cuberta recolherão dous dedos, e depois que as balizas forem preparadas, verá se estão bem, e farà de maneira que fique bom costado.

[fl. 2v]

Lembro que como tiuerem aposturado a primeira aposturajem empezarão de hu~a banda, e d’outra muito bem, que não caya a madeira mais de hu~a banda que da outra, tomarão medida nos lugares a amestra e amura, e não tendo a conta necessaria, (a)largarão as escoras, e tendo mais as apertarão.

As cubertas terão d’altura em dereito da portinhola sete palmos e meio de goa pera melhor do malhete da lata avante de todo a proa outo com malhete, a rè sobre o gio tanto como na escotilha, antes mais que menos.

Tera a Carlinga do masto grande assentada no meyo da quilha d’esquadria a esquadria.

A Carlinga do traquete serà assentada a proa sobre a primeira cuberta como a nao he feita.

A Carlinga da mezena serà assentada sobre a almeida do leme.

Terá a primeira mão de sinta assentada em vinte palmos, vinte e hum a proa.

A bussarda abaixo da mão da sinta, dous palmos.

A sinta a rè serà pregada asima do dromonte hum palmo, o dormente ficara a popa assentado que fique com altura da lata em seis palmos.

Terá a grade de popa quando a armarem no meyo quatro palmos de goa de sobre o gio ao canto da barra pella banda de cima, e nas pontas tres palmos pella mesma medida de sobre o canto do gio ao canto da barra pella banda de sima.

As balisas dos marcos, que estão assentadas sobolo gio em altura de sete palmos recolherão pera dentro hum palmo esforçado.

[fl. 3]

As abobadas lançarão tanto quanto tiuerem as cubertas d’alto.

A Varanda botara pera fora da Nao, doze palmos.

Pera saberes o quanto se ha de dar de falcão, tomaras a boca da Nao, adonde tiuer a mayor largura que he na abita, e repartiràs em tres partes, e hu~a dellas tomaràs pera fazerès o Castello esta conta se entende da ponta da roda pera dentro, e tomaràs esta parte, repartindo a em duas partes tomarão hu~a dellas para fazeres o falcão, de modo que se tiuer vinte palmos pera fora da ponta da roda ate o cordão terà corenta pera dentro depois do Castello ficar acabado tera o comprimento que a Nao tem na mayor largura que he na abita como atraz fica dito, quando alinharem tera em dereito da roda palmo e meyo de goa, a grossura serà a da roda, e deixarão a roda toda a grosura quanta tiuer a curua por amor da mecha, e tera o dito falcão de groço na ponta hum palmo de goa, e d’alto palmo e meio de vara.

Quando alinharem o falcão terà dous dedos de redondo.

E quanto tem o falcão da roda pera fora ao dito cordão, tanto terá de largo em dereito da roda e esta conta faràs pera qualquer Nao que for.

Quando quizerem armar o Castello, escaruarão hu~a corda sobre o falcão no comprimento do Castello, e a rè farão h~ua thesoura, que ha de ficar o Castello na boca, e atrauessarão as latas e emmalhetarão sobre a dita corda, as latas, e lembro que ficara a boca do Castello alta por amor de habitar a amarra.

Os primeiros pès do Castello ao cote, terão e recolherão sete palmos da cada banda, e são catorze ficarão na bocca do Castello corenta e dous.

Quando assentarem as bandas sobre as latas tosarão de hu~a banda, e d’outra pellos pontos sabi

[fl. 3v]

dos os quaes são, Na ponta do cordão, e na ponta da roda dez palmos de cada banda, e na boca do Castello vinte e hum pera cada banda.

Tera a mão ao cote de riba da lata cinco palmos ao cote da dita mão o papa moscas tera sete palmos ao cote do papa mosca, e farão de maneira que fique a prumo com a mão de judas.

Os primeiros virotes da boca do Castello recolherão pera dentro cinco palmos am altura de outo, e pera avante quatro bastão que não fique a arpa muito caida pera avante farão de maneira que fique o castello bem feito, e quando virotarem pregarão hum cordel na ponta do papa moscas, e outro no cote do dito, e como puserem tres ou quatro de cada banda irão tirando o cordel de rè pera avante assi como forem metendo o virote. E lembro que a porta do Castello de virote terà seis palmos e meyo de goa.

Como assentarem as bandas, e tiuerem virotado sintarão a primeira pessa pegara no cote da mão a rè, e pregara em altura de quatro palmos e meio.

Pregarão outra peça pello meyo entre a banda, e a dita peça acima.

Pregarão a peça do dromente no Cote do papa moscas, a ré em altura de sete palmos, e meyo, este dromente he pera a gorita.

Tera outra peça pella ponta de papa moscas e tosara a arpa na altura que bem parecer.

Do pousa uerga pera cima meterão tres peças por chasos.

Quando laurarem as cauernas tomarão do abatimento na groçura da cauerna repartindo em tres partes tomarão duas pera o dito abatimento, e isto se entende nas almogamas que d’ali pera diante irão desmenuindo de popa pera proa, e de proa pera popa isto sera por escantilhão.

[fl. 4]

Quando abrirem os alifrises da roda e quilha tomarão a largura em tres partes, e tomarão hu~a pera o alifris que fica melhor o alifris pera pregar na taboa bem na roda, e quilha e terão os alifrises d’encauamento dous dedos esforçados.

Terá a escotilha grande avante o mastro seis latas de bordo a bordo inteiras duas a ree, e duas avante, e duas em vão digo singelas, terão de vão as singelas h~u palmo de goa.

Quando puzerem a primeira lata da escotilha dante a rè, aprumarão a pia do mastro, e medirão seis palmos pera rè pera a entrada do mastro.

Tera das duas latas da re do mastro outras seis latas atè a escotilha da re pella mesma conta da escotilha do meio em todas as repartições das latas, terão de vão hum palmo de goa, a lata hum de vara isto na primeira cuberta. Esta conta se entendera somente as de cima a prumo com as de baixo.

Da dita escotilha do meio a de auante tera doze latas inteiras de bordo a bordo duas juntas a rè e duas auante, e outo singelas terão de vão de hu~a a outra hum palmo de goa, estas escotilhas ficarão todas a prumo hu~as com outras.

Lembro que quando medirem darão a lata, hum palmo de vara, e de vão hum de goa.

O vão das bombas ficarão a re do masto duas latas juntas, e duas de ré ficarão de vão pera as bombas hu~a goa, e das duas latas juntas de rè das ditas bombas contarão as seis latas até aa escotilha de popa como digo.

Tera hu~a escotilha ao seis bordo pera baixo, pera carregar a Nao.

Tera o seis bordo quinze palmos de goa, medirão do manco pera proa os quinze palmos pello dormente a postura dante a re tera o seisbordo de vão sete palmos

[fl. 4v]

Farão dous escotilhões em dereito hum do outro do seisbordo pera o payol do pão.

Avante, Abita terà hum escotilhão pera seruentia das Camaras debaixo.

A estrinca sera assentada na segunda cuberta, terão as conchas de vão de hu~a a outra catorze palmos de goa, tera a roda acabada dez palmos de goa de campo, e pera recolhimento da tripa tera hum palmo de vara bem esforçado.

[fl.78v]

 

O heixo da estrinca tera dous palmos em quadrado de goa, e a cruzeta outro palmo em quadrado.

O cabrestante grande sera assentado na tolda dos bombardeiros, tomarão o meio do escotilhão de re a chaminé pera milhor dizer o vão das curuas, que serue de pès de Carneiro, e assentarão o Cabrestante no meio.

 

[fl.77v]

 

Terá seis carreiras de cintas dobradas que serão tee a terceira cuberta.

Terà a derradeira lata do chapiteo a prumo com o escotilhão da cabeça do cabrestante, ficarà o escotilhão pera auante todo em claro, ficara a lata a prumo com a braçola d’ante a ré.

Do chapiteo até avante do masto farão mareajem d’altura da Xareta, e mareajem da Xareta e pera os fogões.

A mareajem do Conues tera seis palmos para bem da gente.

Lembro que o dromente da tolda serà do souoro, e ira por dentro, as latas não sairão fora como fazião antigamente, porque desta maneira he boa obra e forte.

Tera o portalo seis palmos de goa, e ficara em dereito da escotilha.

[fl. 5]

Porão a dala da bomba sobre a cuberta do conués, e assy os fogões que he costume nouo por ser bem da nao e da gente.

Lembro que o prepao dos engenhos das bombas serà assentado a prumo com as duas latas dobradas a ré das bombas.

As Curuas pera os tirilhões terão as pernadas pera rè.

Terà a entrada do batel a popa Catorze palmos, a proa doze palmos, e serão de goa.

Quando quizerem pregar a armadoura a proa preparão hum cordel por dous ou tres couados, e na roda pregarão a armadoura, e ficarà direita pella face, e pello canto d’almogama pera avante.

A popa tambem as armadouras da almogama pera rè atè o manco ficarão dereitas pellos cantos e faces. A primeira armadoura pregarà abaixo do manco hum palmo, e sobre a armadoura ao pé do manco, e como for posta, e emdereitarão muito bem por cordel, e empessarão que não caya mais de h~ua banda que da outra.

Terà dez apostareos por banda a popa, e da banda de bombordo terá mais dous pera a escada.

A proa terà sete por banda, e mais tres pera as amuras, e são dez, e tres passaros por banda.

Amura sera assentada a rè da arpa do Castello quanto mais a rè melhor a Chumaceira damura terà de comprido dezaseis palmos, e tera tres apostareos.

As Mesas de popa serão assentadas pella sinta da cuberta do conues cordearão, e farão o melhor que parecer.

[fl. 5v]

As mesas de proa serão postas pella sinta que as reserue de dormente o primeiro apostareo a proa serà assentado em dereito da arpa do Castello, e pera avante repartirão os mais atè o esconuem.

Os apostareos de popa o primeiro assentarão avante ao portalo quanto dee lugar aos dous apostareos da escada, o de rè de todo a rè do seisbordo hu~a apostura.

Os trauessões das mesas pera os aparelhos serão assentados hum palmo de goa asima da mesa a popa e a proa.

Terá d’alcaxa de vão de hu~a sinta a outra tres palmos de goa.

 

Regimento pera o leme desta Nao.

A madre de groço tera hum palmo de goa bem esforçado no pee em baixo de todo tera de largo sete palmos de goa antes mais h~ua polegada, que menos de groço no dito pee, por fora terà tres palmos de goa, e em cima aonde vay a cana terà quatro palmos e meyo de largo, e se a madre não tiuer isto bastarão quatro.

[fl. 6]

Pera saber a madeira que se ha mister pera hu~a Nao de quatro cubertas sendo a madeira capaz que chegue ao comprimento das que aja mister emmendas bastão mil e seis centos paos, e sendo emmendados não bastão dous mil paos. Pera saber o taboado manço e brauo que se ha mister, pera h~ua Nao ha mister trezentos e sincoenta duzias de toda a sorte. 350.

Ha mister pera latas e cordas seis centos paos.

Ha mister outo centos quintaes de pregadura. Dura de toda a sorte.

Ha mister cento e quarenta quintaes de chumbo.

Ha mister outo centos quintaes de breu.

Ha mister d’estopa branca e preta, duzentos quintaes.

 

[fl.78]

 

Regimento pera as gaueas.

A gauia grande tera pello canto de dentro dezaseis palmos afora a largura do Auro que he hu~ palmo de largo, o fundo de baixo terà no rol menos hum palmo de goa da conta de cima, e terà dalto tres palmos, a gauia de proa serà polla largura de fundo da grande compartindo o rol polla mesma conta da grande, e terà daltura dous palmos e meio.

[fl.78]

 

Regimento pera hum gundaste ordinario pera naos.

Primeiramente tera da roda por fora quando a rodarem trinta e dous palmos de goa.

[fl. 6v]

O carro tera d’alto trinta e dous palmos de goa medirão do canto do cachorro debaixo atè o cachorro de cima polla banda de baixo.

Terà o carro de largo dezaseis palmos de goa ate dezasete porão o eixo no meio de maneira que possa a roda laborar.

Leuão os vazos de comprido trinta e quatro palmos de goa, que são os do alicesse, terà a roda de largo cinco palmos e meo de goa.

A grua terà treze braças de comprido atè a roda, e dali pera cima tera hu~a braça pera hostai, o falcão tera mais comprimento polla cabeça que a grua vira escaruar na grua por cima do baleu dous palmos he o barão do meio que diga com os dous.

Tera de largo em cima na derradeira traueça vinte e quatro palmos de goa

 

Regimento pera hum calses

Tera o calses grande outo palmos de goa da boca do lobo pera a cabeça

Da boca do lobo pera o Cunho quatro palmos de goa, e daqui pera baixo terà doze palmos que faz ao todo vinte e quatro, e o que mais tiuer daqui sera muito melhor.

Terà de largo pera a roda tres palmos e meio de goa, e de groço dous palmos e meio, e para fora da estaca meio palmo de vara esforcado.

 

Tarquete.

Tera de cabeça seis palmos esforçados. Tera de pescoço tres palmos esforçados, e dahy para baixo onze palmos, e de largo pera o campo das rodas tres palmos de goa, e de groçura dous palmos esforçados.

[fl. 7]

 

Regimento pera a conta dos mastos de h~ua Nao de quatro cubertas

Terà o masto grande de comprido 18 bracas, e destas 18 braças tirarão braça e meia pera assentar o Calses, e dali pera baixo sera o mais laurado pella palha. tera de grosso no tamborote que he a maior grossura quatro palmos e meio de goa, antes mais que menos, serà a palha repartida em sete partes, deminuirão do tamborote pera cima ate a garganta duas partes, ficarà a garganta de cinco, supposto que o terço seja a sua conta, mas por esta conta fica mais fauorauel por respeito do muito pezo que leua em cima, a madre terà de grosso dous palmos de goa esforçados na garganta repartirão a palha pella ametade irão diminuindo h~ua parte destas de maneira que quando chegarem ao pè ficarà hum palmo de goa esforçado, tera nesta palha da madre repartidos 17 pontos tirados na meia lua como se verà nos modelos, Outauarão o masto por sete compaços repartidos na palha tres dentro, e quatro fora dous de cada banda, ainda que pello quinto e a sua conta mas faz se lhe este fauor pellos officiaes serem muitos, e a ferramenta gastar, as linhas do tamborete pera baixo tera cinco braças metidas neste comprimento das dezouto braças, deixar lhe ão mais fauorauel algu~a cousa que a garganta fara palha sobre sy, irão demenuindo do tamborete pera baixo, farão nestas cinco braças, seis braças pera ir deminuindo mais por meudo, e do tamborete pera cima repartirão na palha 13 braças, quando quizerem repartir os malhetes na madre farão na garganta hu~a braça de redondo por respeito de ficarem as mestras mais fauoraueis e no mais comprimento, e do redondo fica pera baixo, repartirão cinco malhetes em vasio e seis cheos isto farão em todas as quatro quadras, reparti los hão de maneira que não fique huns com outros, e pera se fazer esta repartição tomarão meia braça na primeira face que esta da banda, e dahy pera baixo lhe darão pera o malhete que he o vasio h~ua braça e meia, e assy darão a todos os mais vazios e cheo braça e meia, e na outra face que responde com esta primeira dar lhe ão seis palmos que he o cheo, e destes seis palmos pera baixo lhe darão o vasio que he a braça e meia, e na terceira face que he a decima dar lhe ão hu~a braça que he o cheo, e desta braça pera baixo se lhe dara h~ua braça e meia que he o vasio, he na quarta face que he a debaixo que responde com a decima medirão dez palmos que he o cheo, todas estas medidas se darão do redondo pera baixo, por que nesta conta esta ficar os dentes dos desencontrados huns dos outros.

[fl. 7v]

Ordem que hão de ter no fazer das harataduras pera que a pregadura não fique nellas quando quizerem pregar as mestras trarão a medida na mão com dous palmos de Xeo, e hum de uazio que ha de seruir pera aratadura, e desta maneira irão compassando a pregadura a cada tres Xeos hum prego de maneira que fique os pregos desencontrados huns dos outros por senão cortar a madre nas primeiras quatro arataduras farão o emtalho du~a polegada esforçado por senão cortar as mestras muito d’aly pera baixo lhe irão dando a palha maior quando chegarem ao tamborote que tenha dous dedos dalto bons, a madre terà quinze braças de comprido se poder ser as mestras terão catorze braças, e todo o mais que tiuerem serão muito bom.

O mastareo tera dez braças e mea de comprido, terà no garlindeo de groço dous palmos redondos esforçados, sera repartida a palha pello terço demenuira h~ua parte destas atee chegar a garganta tirarão nesta palha noue pontos tira los hão na meia hu~a, outauarão em sete compaços botarão dous de cada banda fora ficarão tres dentro, e quatro fora.

A verga grande terà dezouto braças de comprido, tera de palha na ostagadura dous palmos de goa esforçados serà repartida pella ametade quando chegar ao lais ficara num palmo de goa esforçado, porão na palha noue pontos na parte que ha de deminuir que he hum quarto por cada banda da palha tera cada penão destes 14 brasas embaraçara cinco braças cada hum destes que vem a ser o embaraçamento em dez braças, e se tiuer mais muito melhor do meio pera as cinco braças, virão deminuindo com a palha, atè que cheguem aos cinco pontos, outarão pellos sete compaços, quando for ao embaraçar dar lhe ão de chincho tres dedos farão o primeiro emcontro do meio pera o lais hu~a braça, e o segundo do meio pera o embaraçamento outra braça, estas duas braças serão de quadra, e o mais que ficar sera pera a telha

A Verga da gauea terà seis braças, e se lhe quizerem dar mais mea braça bem pode, tera de groço na ostagadura hum palmo de groso de goa, e dous dedos esforçados, sera repartida pella quarta parte deminuira nas lais a metade porão nesta palha tres pontos de cada banda irão alinhando do meio pera os lais querendo nestas seis braças fazer muitas bracas podem no fazer ficarà mais fornido o pao, outauarão na palha em sete compaços repartidos nella botando quatro fora, e tres dentro, e quantos pontos tem na palha no demenuimento tantos terà No outauar.

[fl. 8]

O masto do traquete terà de comprido, quinze braças e meia de groço no tamborete tres palmos de goa esforçados, serà a palha repartida pello modo do grande, terà a madre de groço na cabeça aonde han de emuestir as mestras palmo e meo redondo demenuira na palha conforme a do masto grande porão nesta palha da madre catorze pontos d’aly pera cima fica braça e mea pera acertar o Calses quando quizerem laurar esta madre ou outra qualquer pola hão em cima dos picadeiros a bocca e lombo, e cordea la hão pello meio depois de a terem cordeada lhe correrão sua linha pellos pontos do cordel, e irão correndo com a palha de cima pera baixo dando lhe em cada braça seu ponto conforme estão na palha, e depois de chegados ao pelle darão dous dedos de resguardo do ponto pera fora ou o que lhe parecer que he necessario por respeito de algum podre ou falha que depois o pao laurado pode ter pera se poderem emcostar alg~ua das bandas tendo madeira pera isso e alinhando pellos pontos da palha aprumarão d’hu~a banda, e da outra, e na outra uolta serà laurada pello esquadro esta regra farão em todos os paos de mastos e vergas depois de a madre laurada tomarão hu~a braça pera o redondo, e dali pera baixo no comprimento repartirão quatro malhetes que são os vazios, e cinco cheos, e dando a cada hum destes vãos braça e meia pera se fazer esta compartida que não fique os dentes emcontrados huns dos outros medirão do emcontro do redondo cinco palmos da primeira face da banda , e na segunda face que responde com esta primeira terà h~ua braça, e dous palmos esforçados, e na terceira de cima hu~a braça, e na quarta que he a debaixo que responde com a de cima braça, e mea e hum palmo, e desta maneira estão os modelos trasados e compartidos.

Tera o mastareo do traquete de comprido outo braças, terà de groço no garlindeo palmo e meio de goa serà repartido pello terço meterão nesta palha sete pontos repartidos na mea lua, outauarão em sete compaços botarão dous por banda fora, e ficão tres dentro.

Tera a uerga do traquete de Cais e lais catorze bracas, e de palha dous palmos repartido pello quarto demenuira do meio pera o lais a metade da groçura, nesta palha porão em cada quarto que està marcado da ponta da palha pera dentro sete pontos tirados na mea lua conforme esta nos modelos, outauarão pellos sete compaços como as outras feguras que atraz ficão declaradas.

A verga da gauea terà cinco braças de lais a lais, terà de groço hu~ palmo de goa serà repartido pello modo das outras acima ditas.

[fl. 8v]

O goroupès terà dezaseis braças de comprido, terà a maior groçura do papa mosca pera dentro da Nao, tera h~ua madre, e h~ua so mea por cima.

A verga da seuadeira tera noue braças de comprido de lais a lais.

O masto da mezena terà dez braças de comprido, e de groçura no tamborete tera dous palmos redondos esforçados serà repartida pello terço outauado como as mais prantas.

A verga da mezena terà de groço na ostagadura hum palmo de goa, e dous dedos repartirão a palha pello quarto que demenua a pena a metade da groçura da ostaga, terà de comprido dezaseis braças da ostaga, pera a pena terà noue braças, e tantas porão repartidas na palha alinharão pello modo dos penões da verga grande outauarão pella mesma conta.

 

Regimento de quantas linhas são necessarias pera hum pao pera masto ou verga que se aja de fazer redondo.

Primeiramente nas primeiras faces são necessarias seis linhas, e pera outauar doze linhas em quatro quadros que vem a ser tres linhas em cada quadra. E no 2º outauar leuarà vinte linhas que vem a ser tres em cada oitauo, e duas em cada quadra. E no 3º outauar, e darão corenta linhas que vem a ser tres em cada oitauo que são outo outauos tres linhas em cada hum, e nos outros oito duas linhas em cada h~u vem a fazer corenta, he necessario pera este pao ficar perfeito redondeza 66 linhas ao todo.

 

References

Fonte

Livro de Traças de Carpintaria, BA, cod. 52-XIV-21, fls. 1-8v.

Publicação

1933 – Barros, Eugénio Estanislau de, Traçado e Construção das Naus Portuguesas dos Séculos XVI e XVII, Lisboa, Imprensa da Armada, pp. 61-77.

1995 – Livro de Traças de Carpintaria por Manoel Fernandez. Transcrição e Tradução em Inglês, Lisboa, Academia de Marinha, pp. 23-34.

2000 – Domingues, Francisco Contente, Os navios da expansão, Dissertacao de doutoramento em Historia da Expansão Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, preparada sob a orientacao do Professor Doutor Antônio Dias Farinha, Lisbon, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

2004 – Francisco Contente Domingues, Os navios do mar oceano, Lisbon, Centro de História dos Descobrimentos.